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Título do Crystal Palace simboliza vitória sobre o racismo no sul de Londres

Eagles venceram o Manchester City por 1 a 0 e ergueram primeiro troféu expressivo de sua história

imagem cameraJogadores do Crystal Palace comemoram título da Copa da Inglaterra (Foto: Adrian Dennis/AFP)
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Lucas Borges
Rio de Janeiro (RJ)
Dia 20/05/2025
04:15

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O Crystal Palace conquistou o primeiro título expressivo de sua história no sábado (17), ao superar o Manchester City por 1 a 0, na decisão da Copa da Inglaterra. Ainda no primeiro tempo, Eberechi Eze fez o gol solitário da conquista que encerrou uma espera de 120 anos do torcedor dos Eagles.

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Mas a conquista vai além do feito alcançado pelos atletas do austríaco Oliver Glasner nas quatro linhas. O alcance do futebol supera a atmosfera esportiva, e chega ao lado social, histórico e cultural. Com o Palace, não foi diferente: a eternização de seu nome no torneio mais antigo do mundo também é um símbolo da luta contra o racismo na Inglaterra.

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O Crystal Palace, fundado em 10 de setembro de 1905, é natural de Croydon, bairro localizado na zona sul de Londres. A região é conhecida por uma vasta miscigenação, com boa parte da população local formada por negros, diante de um país majoritariamente branco e com costumeiros casos de racismo.

O bairro tem mais de um terço de sua população formada por imigrantes, segundo o censo de 2021. Dos 34%, mais da metade é de provenientes da África, do Oriente Médio ou da Ásia. Número elevado para um país que sempre se envolve em polêmicas por posicionamentos contra imigrantes.

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A população de Croydon beira os 400 mil habitantes, dos quais 20% se consideram pretos ou pardos. Uma das cidades de mais variação cultural, mas que não está livre de casos de racismo. Uma investigação da ITV News, em 2021, revelou que moradores negros do local enfrentaram discriminação ao buscar assistência habitacional; dois anos depois, uma mulher negra foi presa por suspeita de evasão de tarifa, quando tinha todas as contas pagas, e declarou ter sido vítima de abuso verbal e racial; já neste ano, um usuário do Reddit disse ter sido alvo de abuso com insultos e garrafinhas de água por estudantes.

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Ter representatividade não significa estar livre do racismo. Mas o Palace, ao erguer a taça, deu ao seu povo um motivo para sorrir. Na semifinal, a torcida fez um mosaico com a imagem do jovem Ethan, fã de Townsend, que ganhou a camisa do craque em 2019, e a abraçou nas arquibancadas do Etihad Stadium.

Na decisão, a quantidade significativa de negros presentes em Wembley também chamou a atenção de internautas, que levantaram o questionamento sociocultural.

Ao longo de sua história, o Palace foi construído pelo legado de negros. Os mais novos, que se acostumaram a brincar de gestor de clubes em jogos digitais, com certeza ouviram falar de Wilfried Zaha. Revelado nas categorias de base, dedicou anos de sua vida aos Eagles, e é o segundo maior artilheiro da história, com 90 gols. Negro, nascido e atuante na Costa do Marfim.

Acima de Zaha no ranking, está Clinton Morrison, também negro, com 110 bolas na rede. Morrison tinha como ídolo outro negro: Ian Wright, que vestiu a camisa do Palace e é considerado um dos maiores astros da história do clube. Benteke, Mark Bright, Vince Hilaire... os exemplos se estendem a uma longa lista.

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Todos estes nomes abriram campo para o que se viu em Wembley. O gol sai aos 15 minutos do primeiro tempo. Em bola viajada, domina Jean-Philippe Mateta. Francês, negro, filho de pai congolês. A tabela chegada até Daniel Muñoz, latino, originado de Amalfi, na Colômbia. O cruzamento é preciso para Eberechi Eze bater de primeira para o fundo das redes. Eze, progênito de nigerianos imigrantes em Greenwich, na grande Londres.

Eberechi Eze - Crystal Palace
Eberechi Eze comemora título da FA Cup pelo Crystal Palace (Foto: Glyn Kirk/AFP)

Assim foi o título do Crystal Palace sobre o Manchester City. O mesmo City que teve seus torcedores cometendo injúrias raciais contra o brasileiro Fred, em um clássico diante do rival local United, em 2019. O mesmo City, que teve seus aficionados ofendendo o lateral Walker de maneira preconceituosa nas redes sociais depois de uma atuação ruim contra a Juventus, em 2024. Destino do futebol, talvez?

O futebol é entretenimento. Pode ser pão e circo. Mas também é cultural. Também é um sinônimo, um instrumento de luta. O Crystal Palace lutou em campo e venceu. Venceu a Copa da Inglaterra. E se ainda não é possível vencer a guerra contra o racismo, o legado negro do clube de Croydon sorriu ao fim de uma batalha.

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